A acentuada gravidade e dimensão global dos desafios tem intensificado o empenhamento europeu na promoção de respostas globais e concertadas e contribuído para o próprio fortalecimento da integração europeia.
O início do século XXI ficou marcado pelo reforço das preocupações ambientais, principalmente as relacionadas com os efeitos do aquecimento da atmosfera provocado pela emissão de gases com efeitos de estufa, ampliando-se a compreensão e a preocupação relativamente ao impacto das alterações climáticas e a pressão no sentido da descarbonização.
O Pacto Ecológico Europeu tem um importante significado político e vem reforçar as expectativas de tornar a economia da UE sustentável, transformando os desafios climáticos e ambientais em oportunidades em todos os domínios de intervenção e tornando a transição justa e inclusiva para todos.
Reservam-se expectativas igualmente positivas no plano digital, aguardando-se a concretização do Plano de Ação para a Educação Digital, a Estratégia Europeia em matéria de dados e uma estratégia sobre a Inteligência Artificial. Na realidade, o desenvolvimento da capacidade de transmissão de dados à distância e, em particular, a partir de meados dos anos 90, o desenvolvimento explosivo da Internet, gerando uma indisfarçável e dominante revolução/transformação digital e a entrada no mundo da inteligência artificial que marca a nossa contemporaneidade têm tido um impacto extraordinário com consequências ainda imprevisíveis ou mesmo inimagináveis.
Os últimos anos ficaram marcados pelo fluxo maciço de refugiados e deslocados forçados provenientes de zonas de conflito e guerra para a Europa, intensificando-se expressivamente a partir de 2015 e refletindo-se num aumento impressionante de pedidos de asilo. Todavia, a inclusão na agenda prioritária da UE da elaboração de um plano de recolocação de refugiados, a complexidade do procedimento e a forma de o operacionalizar derraparam em múltiplas dificuldades, comprometendo a sua implementação, com consequências diretas sobre os requerentes, impondo-lhes longos períodos de espera em condições pouco condignas.
A questão social ocupa uma posição cada vez mais premente e relevante na agenda europeia, dependendo do acerto de vontades políticas a definição de estratégias e a disponibilização de meios adequados para dar maior expressão ao recorrentemente adiado pilar social. A agenda da próxima presidência portuguesa indicia expectativas nesse sentido, a par da concretização do promitente Plano de Recuperação e Resiliência Europeu, vital para a superação dos impactos múltiplos da pandemia provocada pelo coronavírus – Covid-19.
A superação da crise sanitária e social que se abate sobre a população europeia passará uma vez mais pela solidariedade, pela confiança na ciência, pela colaboração, pela dimensão humanista que compõe os valores europeus, inspira a atuação e constitui o vetor mais poderoso do projeto europeu.
Na resposta às múltiplas crises e confrontada com um cenário de angustiantes incertezas, a Europa, os líderes europeus, recusando a condenação de uma convergência apocalíptica, têm provado resiliência e apostado na procura de soluções comuns. Nas palavras em epígrafe, de Ursula von der Leyen, é o que se espera alcançar em Portugal nos próximos meses, vencer a tormenta e zarpar rumo ao futuro.