As visitas a Lisboa de políticos e técnicos da CEE e as reuniões de trabalho multiplicaram-se, procurando inteirar-se da realidade político-económica do país. Destacaram, desde logo, problemas em várias áreas, mas a principal preocupação centrava-se no fraco desenvolvimento económico de Portugal.
Em outubro de 1978, iniciaram-se formalmente as negociações para a adesão. Lorenzo Natali, vice-presidente da Comissão, acompanhou todo o processo enquanto comissário responsável para as questões do alargamento. Simultaneamente, decorriam as negociações para a adesão de Espanha, o que, em muitos aspetos, foi desfavorável a Portugal. Em maio de 1980, o comissário Richard Burke, de visita a Lisboa, anunciou aquilo que já se esperava: Portugal e Espanha “deveriam ingressar em simultâneo na CEE”.
No contexto nacional, a democracia portuguesa caminhava no sentido da consolidação com a revisão constitucional de 1982 e as consequentes alterações no sistema económico e, sobretudo, de âmbito político, com a extinção do Conselho da Revolução e o afastamento dos militares da esfera política. Por outro lado, sucediam-se os governos constitucionais, o que contribuía para um ambiente político instável. Quanto à integração portuguesa na CEE, foram sendo sucessivamente veiculadas datas que acabaram por não se concretizar, apesar das visitas dos primeiros-ministros Francisco Sá Carneiro e Pinto Balsemão a várias capitais europeias, pressionando a aceleração do processo.
Em janeiro de 1984, descontente com o rumo que as negociações estavam a tomar, o primeiro-ministro Mário Soares faz um ultimato: Portugal renunciaria a tornar-se membro da CEE se não fosse tomada uma decisão quanto à adesão durante a presidência francesa. As visitas de líderes europeus a Portugal intensificam-se.
Os dossiês da adesão de Portugal às Comunidades foram sendo gradualmente encerrados e as relações institucionais das autoridades portuguesas com as comunitárias foram-se estreitando. Por fim, em outubro, após a decisiva cimeira de Fontainebleau, Mário Soares assina, em Dublin, o ‘Constat d’Accord’ que pôs formalmente termo às negociações e ratificou a data da adesão portuguesa para 1 de janeiro de 1986.
No princípio de 1985, iniciam-se as reuniões da Comissão de Redação do Tratado de Adesão de Portugal e Espanha ao Mercado Comum. Em março, ficam fechados os acordos globais sobre os cinco temas considerados mais complexos: agricultura, pescas, assuntos sociais, recursos próprios e questões institucionais. No mês seguinte, decorre, na Assembleia da República, um importante debate parlamentar, que consagrou o processo, com deputados representantes dos vários partidos a tomarem a palavra e Mário Soares a encerrar o debate.
A 12 de junho de 1985, teve lugar a cerimónia solene da assinatura do Tratado de Adesão à CEE, no ambiente grandioso do claustro do Mosteiro dos Jerónimos. O primeiro-ministro Mário Soares discursa, tal como Bettino Craxi, Giulio Andreotti e Jacques Delors.