Aquando do Tratado de Maastricht, um certo cuidado soberanista conflituou com quantos entendiam que o interesse português ficava mais bem protegido através de partilhas de soberania, que reforçassem a eficácia do processo integrador. O pragmatismo acabou por prevalecer, pelo interesse assumido de colocar o país do lado dos poderes europeus essenciais para apoiarem os seus interesses.
Nas negociações dos Tratados de Amesterdão e de Nice, a questão do poder relativo dos Estados, na dualidade entre a legitimidade e a eficácia, esteve sempre bem presente, tendo como pano de fundo o futuro de uma União fortemente alargada. Portugal procurou compatibilizar a preservação de uma capacidade mínima de expressão de poder nacional, que não tornasse o país irrelevante no processo decisório, com uma abertura nas diversas dimensões programáticas, revelando-se crescentemente favorável ao aumento das competências comunitárias.
A tensão entre uma perspetiva tendencialmente soberanista e a abertura a perspetivas mais federalizantes também esteve presente nos debates parlamentares portugueses, que ganharam então alguma centralidade no processo político interno, com expressão menos marcante na representação portuguesa no Parlamento Europeu.
No terreno das instituições, as posições oficiais portuguesas vieram a colocar o país numa linha da frente em termos da densificação das dimensões sociais no corpo dos tratados, com uma atenção particular aos direitos de cidadania e à preservação do corpo de princípios e valores que marcam a matriz ética europeia.
Essa filosofia passou a estar muito evidente em todos os fóruns em que esse tipo de temáticas foi discutido, desde a Convenção sobre o Futuro da Europa até aos debates para o Tratado Constitucional Europeu. Como consequência desta coerência quase sempre afirmada, Portugal é hoje visto como um país grandemente favorável ao aprofundamento do tecido de políticas da União. A circunstância de alguns novos Estados-membros assumirem crescentemente uma atitude de euroceticismo acaba por destacar ainda mais essa postura portuguesa.